sábado, 19 de fevereiro de 2011

Reverberações Murmuradas

“Reverberações murmuradas[1]

Ana Carmen F. Nogueira

Sussurro; Murmúrio; Cochicho; Ruído; Suspiro; Segredo

Palavras sons que envolvem e nos oferecem contato com o outro e com o mundo. Sons que caminham pelo espaço. Ondas sonoras, invisíveis. Visíveis.

Esse livro tem origem em minhas investigações sobre o universo da pessoa com deficiência visual e nos modos de compartilharmos diferentes formas de habitar o mundo. Procurei oferecer uma experiência estética que envolvesse outros sentidos que não apenas o da visão. Tinha como meta colocar a experiência visual e a experiência tátil a serviço da experiência estética.

A experiência estética envolve todos nossos sentidos, envolve nosso corpo no mundo e como nós o percebemos. “Ela afeta, surpreende, mobiliza, espanta, faz pensar, e provoca uma suspensão na nossa maneira habitual de perceber e viver” (MORAES e KASTRUP, 2010, p.53)

A pessoa com deficiência visual possui uma maneira própria de compreender o mundo. Essa maneira nos é instigante e transformadora. Com essas pessoas somos capazes de aprender a apreender o mundo com outros sentidos. Aprendemos a decifrar outros enigmas que são apresentados quando observamos o mundo com nosso corpo. Por meio dessas pessoas vamos descobrindo outros caminhos expressivos que não são comandados apenas pela visão.

Claro está que para nós videntes, a mudança de posição da maneira como percebemos as coisas, é muito difícil. A visão muitas vezes nos impede de perceber além dela. Este é um exercício árduo, mas sejamos pacientes. Vamos nos dar uma chance de descobrir um novo modo de habitar o mundo. Para tanto, é preciso estar aberto para mundo, para compartilhar conhecimentos e descobertas.

Como toda experiência, este momento de passagem, pode gerar angustia dúvidas por não saber o que pode ocorrer. Mas, o desafio vale a pena. Como toda experiência significativa, estarmos alerta irá fazer com que nossos sentidos fiquem aguçados, preparados para tentar decifrar os enigmas que devemos enfrentar.

O livro não quer ser lido apenas com os olhos, ele pede para que seja experimentado com o tato. Ele se propõe a experimentar várias possibilidades de construção. São seis placas de acrílico com as palavras sons escritas no sistema Braille e na escrita convencional em baixo relevo. Cada uma dessas palavras possui um desenho em baixo relevo relativo a ela. Em suas arestas se encontram imãs que facilitam a construção de caminhos. Não existem caminhos pré-estabelecidos, apenas possibilidades de rotas. Não há uma predeterminação, cada um escolhe seu caminho, traça a maneira que quer vivenciar o espaço.

Espaço construído, para nos reconstruir. Nele está contido um tempo que esta para acontecer e algo para se transformar.

Momento de incerteza e de insegurança, mas momento de construção e colaboração. Podemos construir só, mas também existe a possibilidade de uma prática em conjunto com o outro. Essa descoberta pode acarretar um novo rumo, em uma nova possibilidade.

Note. Somos um espaço e o espaço nos contém. O espaço é uma potência, onde estamos inseridos. Expressamo-nos por meio de nossos movimentos e nos orientamos por meio das relações que são criadas entre eu, o outro, os objetos e a natureza. Temos consciência de nós devido a essas relações do corpo habitando o mundo. É no mundo que nos reconhecemos.

Silêncio.

É preciso estar presente, e estar presente no momento em que se esta vivendo uma experiência que é capaz de comover, de oferecer imagens que são evocações, murmúrios de um tempo vivido. Saudades de não sei o quê. Momentos que trazem de volta sonidos, sussurros. Imagens poéticas que repercutem. Aconchegam, confortam.

Ah! O cheiro das madeleines.

Sussurro; Murmúrio; Cochicho; Ruído; Suspiro; Segredo

Reverberações. No silêncio persiste um som. Uma reflexão, uma concentração sobre o pensamento.

Não há silêncio, há reverberações murmuradas.

Referencias Bibliográficas

BACHELAR, Gaston. A poética do espaço. 2ª Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2008 (Tópicos)

DEWEY, John. A arte como experiência. 1ª Edição. Martins Martins Fontes, 2010 (Coleção Todas as Artes)

MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito: seguido de A linguagem indireta e as vozes do silêncio e A dúvida de Cézanne. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.

______. Fenomenologia da Percepção. 3. ed.. Martins Fontes: São Paulo, 2006.

MORAES, Marcia, e KASTRUP Virgínia. Exercícios de ver e não ver: arte e pesquisa com pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Nau, 2010. 288p.



[1] Expressão que me apropriei do livro de John Dewey (2010, p. 81) , Arte e experiência. “Toda experiência viva deve sua riqueza ao que Santayana denominou, oportunamente, de ‘reverberações murmuradas’”.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Especialização em Arteterapia




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Especialização em Arteterapia
Instituto Sedes Sapientiae


Capacitando seus alunos, desde 1989, a estabelecer pontes consistentes entre teoria e prática no trabalho arteterapêutico, este curso tem como principal  objetivo fornecer uma estrutura teórica, instrumental e vivencial, baseada numa postura fenomenológico-existencial com abordagem gestáltica. Propõe também desenvolver no aluno seu potencial criativo e de autoconhecimento orientado para as áreas de saúde, educação e comunidade. 

Destinado a psicólogos, psicopedagogos e arte educadores, além de profissionais com graduação universitária que atuem em áreas de saúde e relações de ajuda.

Inscrito na Associação Americana de Arteterapia (AATA) "Art Therapy Educational List" ). Obedece às normas curriculares da UBAAT (União Brasileira de Associações de Arteterapia).
                                                    Duração do curso: 2 anos e meio

INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE
RUA MINISTRO GODÓI, 1484 - PERDIZES - SÃO PAULO - SP
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A importância das artes na educação dos filhos


A psicóloga e arteterapeuta Vera Ferretti, participou no dia 28 de novembro de 2010 do programa Papo de mãe da tv Brasil. Neste vídeo, podemos assistir um recorte da conversa sobre a importância da arte e da arteterapia na formação das crianças e jovens.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011