quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Anna Marie Holm

Anna Marie Holm inicia sua fala no II Seminário Internacional de Educação Estética – Entrelugares do Corpo e da Arte dizendo:

“Como é complicado falar de artes com as crianças!”

Entrega um envelope de papel branco para todos da platéia e pede para que coletamos ar.

Barulhos, risos, sopros. Coletamos o ar e formamos uma montanha de expirações.

Abaixo segue minhas anotações de sua palestra.

Como é complicado falar de arte.

Quantas coisas temos por aí?

Materiais simples.

As crianças pequenas criam com materiais simples.

Pode parecer complicado, mas as coisas vão se descomplicando. É preciso descomplicar.

Use tudo o que encontrar. Use tubos de PVC, tubos de papelão, vá coletando coisas e colocando dentro dos canos. Neste processo já terá várias questões. E estas são questões de arte.

Assim, as crianças desenvolvem novas linguagens artísticas.

Pegue bolsas de papel de lojas, coloque várias coisas dentro. Dê lápis para eles pintarem. Deixe-os livres, corpos em movimento.

Ofereça papel para escutarem o vento. Correr para cima e para baixo e escutar o som do papel. Isto é muito importante.

Instale papeis nas árvores. O que mais precisa?

Deixe voar.

Assim as crianças fazem muitas perguntas. Elas fazem muitas perguntas porque estão se movimentando.

Quando a atividade de arte começa?

Muitas vezes dizemos para que eles esperem, mas eles já começaram. O interesse pode estar antes daquele momento que falamos que deve começar. As crianças usam o corpo e vão explorando.

E quando a atividade de arte acaba?

Para mim ela continua, assim como para as crianças. Quando vão ajudar a limpar os pincéis eles continuam a experimentar.

Eu aprendo a trabalhar com as crianças. Não se pode dizer o que é uma atividade artística. Eles estão constantemente fazendo experiências. Quando se oferece tempo para a experiência artística elas não terminam.

Usamos sempre o corpo. Corpo em movimento. Corpo na pintura, pintura no corpo.

Todos os dias eu procuro um novo espaço para explorarmos. Observo o que aquele espaço pode nos oferecer e o que podemos fazer nele. Nunca digo para começarem.

Penduro coisas com elástico nas árvores e eles começam a pesquisar. As crianças usam a arte como brincadeira e não param de pesquisar, de criar oportunidades. Conectam coisas malucas juntas e aprendem junto com arte.

As crianças vivem a arte, usam a arte para tudo e descansam com arte. A arte faz parte da vida. Interagem no espaço com muita poesia.

Usam o espaço para fazer lindos experimentos. Fazem experiências com espaço e com equilíbrio. Tudo sem complicação. O espaço nos oferece tudo, as relações são criadas nos espaços. Usamos a natureza com arte.

Qualquer lugar pode ser um novo local de arte. Podemos coletar folhas e jogá-las em um plástico transparente e deitarmos na grama sob o plástico como uma cabana para observar o que aconteceu.

Não digo às crianças quando acabou a atividade de artes, são elas que resolvem. Eles sempre desenvolvem outra atividade pois estão rodeados de idéias.

II Seminário Internacional de Educação Estética – Entrelugares do Corpo e da Arte - UNICAMP, 27 de agosto de 2010

Um comentário:

  1. Que delícia este texto!
    : Coletar ar..
    Pensarei nisto durante minha vida toda rsrsrs

    Adorei Ana!
    beijocas,
    Clarissa

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